Défice da balança comercial...o retorno à normalidade?

18-08-2014 13:57

 

O EUROSTAT acaba de divulgar os dados relativos à balança comercial na UE 28, que nos primeiros cinco meses do ano (janeiro-maio 2014) registou um défice comercial de €3,8 mil milhões (face a um excedente de €22,7 mil milhões no mesmo período de 2013). Por seu lado, a zona euro (UE18) registou um excedente de €62,2 mil milhões (€55,5 mil milhões entre janeiro-maio de 2013). Estes dados mostram bem as diferenças de competitividade externa que existe entre os 18 países da zona euro e a UE28, constituindo um desafio para os próximos anos que a União Europeia terá de dar resposta.

Em relação a Portugal, os dados são negativos, embora fossem já esperados (pelo menos para os que tem vindo a acompanhar estes temas). Entre janeiro-maio 2014, Portugal teve um défice da balança comercial de €4,1 mil milhões de euros, refletindo a diminuição em 1%  das exportações e o aumento de 2% das exportações nesse período. Estes valores indicam que o défice comercial de Portugal agravou-se em cerca de 20% nos primeiros cinco meses de 2014, face ao mesmo período de 2013.

Estes dados mostram, como facilmente comprovável, que a queda abrupta das importações entre 2011-2013 se deveu à queda da procura interna (devido à diminuição do rendimento disponível), o que aliado ao comportamento normal das exportações (que mantiveram a tendência crescente das últimas duas décadas, embora a ritmos menores entre 2011-2013 – ver artigo https://tinyurl.com/q2d9rsr), criou um pequeno excedente da balança comercial em 2013. Ou seja, a recuperação da procura interna que se está a registar leva, necessariamente, ao aumento das importações, o que implica voltar ao défice comercial que tem sido habitual. Isto porque não houve nenhuma mudança estrutural no perfil de especialização da economia portuguesa nos últimos anos, infelizmente (em 2012, mais de 60% das exportações eram de produtos de baixa ou média-baixa tecnologia, mais do que em 2000). Assim, espera-se que entre 2015-2020 haja condições (políticas) para aplicar uma verdadeira Política Industrial, assente numa agenda de inovação aberta e inclusiva.